segunda-feira, 21 de setembro de 2009

baixo ventre

tinha 23 anos mas parecia menos. conhecia eduardo fazia quase 1 ano. foram ficando, ficando. ao contrário dos outros namorados, com edu acontecia algo novo e misterioso. inexplicável. o tempo a ajudava a gostar mais. a intimidade crescente tornava a relação, a cada dia, mais excitante. sem perceber, moravam juntos. sem perceber, mudaram o eixo da relação. sem perceberam, passaram a se chamar diferente - ela, a mulher, ele, o marido.

os anos foram passando, sem que o casal contasse. não contaram as crises de grana, nem tão pouco as crises de amor. os filhos vieram em três. escadinha. eles se dividiam na educação, nos cuidados, no tempo. distribuíam o amor de forma quase igual, entre os três. mas também sem se dar conta, não trocaram esse amor mais entre eles.

mais alguns anos e estava ela, se sentindo só. um vazio grande, um aperto inesperado. achava que aquele brilho, aquele frio no ventre e aquela súbita boca seca seriam sensações não mais vividas.

numa manhã, acordou novamente só.
não se conformou.

hoje ela vaga por aí e parece que o brilho voltou. a boca seca às vezes. falta só o ventre. mas o frio vai chegar na nova estação.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

o calor da carne

Tudo parecia sob controle. Era divertido. Discutir, questionar, beber, tragar. De espírito livre, relacionava-se. Era prazeroso. No calor da praia, a água quente daquele mar ajudava a aquecer as idéias, enquanto se esforçava para esfriar a pele mergulhando na cerveja gelada, na pinga no gelo. O tempo já não sentia mais. Queria congelar aqueles momentos, esquecer que os anos passam e que levam junto a única qualidade que se orgulhava em ter: o calor em sua carne.

Mas sem se dar conta, não era mais a mesma. Contentava-se em saltar sobre a cama de molas ou vagar sozinha pelos becos, buscando sabe lá o que.

E pensava: quão perigosa pode ser a vida!

saudade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

somente só

Se achava sozinha. Pela primeira vez, sozinha. Sozinha tomava o café, aindo cedo da manhã. Sozinha dirigia quilômetros. Sozinha mergulhava em suas escritas. Tão sozinha era, tão sozinha estava, que passou a se acostumar com o "sozinha".
Se sentia feliz. Sozinha, se completava.
Foram longos e férteis momentos que o estar sozinha lhe proporcionaram.
Ao deixar de estar sozinho, não mais se encontrou. A cada dia foi desejando mais aquele passado de isolamente. Até que teve coragem.
Em sua solidão ela vive rodeada.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

armando carreirão - memória em movimento


Uma homenagem ao agitador cultural de Santa Catarina - Armando Carreirão - é o objetivo do documentário que vai ao ar sábado próximo, dia 22 de agosto, antes do jornal do almoço, no programa SC em Cena, da RBS TV.
Ele e os integrantes do Grupo SUl, queriam "sacudir" uma Florianópolis adormecida...A entrevista de Carreirão, falecido em 2007, concedida a sua neta, Luiza, é o ponto de partida para a criação desse trabalho que pra mim foi instigante.
Que venham mais Carreirões!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

nem freira, nem puta...

Mentir, fazia bem. Tinha que conhecê-la muito bem pra sacar quando não era verdade. De súbito, desviava os olhos e franzia levemente a testa. Só. Também já tinha cometido alguns delitos, bem poucos. Mas era muito jovem. Carregava toda a culpa: das mentiras, dos delitos. Culpa maior: falta de interesse pela verdade. A mentira era tão mais interessante! Histórias mirabolantes, amantes tórridos, mergulhos em emoções intensas.

Mas também tinha coisas positivas. Quando jurava um amor, era pra sempre. Quando cativava alguém, alguém a tinha cativado.

E foi assim que seguiu a vida. Não era freira, mas também nada tinha de puta.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

meninos e meninas

Tinha tudo de menina - cabelo comprido, saia até o joelho, brincadeira de boneca. Eram 4: Mariana, Carolina, Sabrina e Jéssica.Ficavam na estante de brinquedos. Ela cuidava, quase todo o dia. Mas carregava com ela um sentimento estranho. Não tinha proximidade ou uma mínima sequer vontade de se aproximar das meninas. Já os meninos a encantavam. O jeito de não ter culpa por não tomar banho, de voltar pra classe suado, de arrotar depois de beber coca-cola, de fazer xixi onde bem entender.Da maneira natural e desmedida de verbalizar as "palavras feias e sujas". Delícia. Eram vários seus amigos. No futebol, gostava do ataque, mas tava sempre no gol. Tudo bem. Cedia.
Com o tempo, os meninos começaram a olhá-la de outra maneira. Com o tempo, as menina também. Inventaram-lhe apelidos. Ela não gostou. Chorava escondido. E ainda gostava deles, dos meninos, como amigos. E como meninos. Passado mais tempo ainda, se afastou. Se adaptou.

Hoje ela só tem um amigo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

casca de ferida

O trem passou e Ariela se assustou. No banco vazio, de súbito, uma guria. Uns 7, 8 anos. Usava uniforme escolar. Ariela olhou pra ela. Ela olhou Ariela, sem encarar, baixando as vistas. As feridas do joelho chamaram a atenção de Ariela. Também os cotovelos esfolados, o arranhado no nariz. Ariela lembrou de seu tempo, de quando também estava sempre em frangalhos. Sentiu uma enxurrada de emoção e até os joelhos arderam, relembrando a celebração de cada casquinha de ferida.

O trem chegou.

A guria se foi, olhando de rabo de olho pra Ariela, que levantou um pouco a saia, tentando mostrar as cicatrizes persistentes nos joelhos.

Nunca mais se viram.

Ano passado, Ariela se foi.
A encontraram no banco da estação. Adormecia. Pra sempre.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

em cascatas

Ela olhou cada pedacinho da casa. Viu o painel de fotos na parede, os livros, motivo que a enche de orgulho: leu cada um daqueles ali. Não são apenas livros de prateleira. Livros largados na estante. São histórias que foram manuseadas, vividas pela sua imaginação pulsante.

Jogou a mochila sobre a cama, abriu o armário. "só uma mochila..." pensou - "sou minimalista até nos mínimos momentos". Guardou suas roupas. Coisa bem básica. Assim como ela.

Mais difícil que as coisas foi o cachorro. Olhava com olhos de perda. Foi aí que liberou o choro, em cascatas, de uma vez só. Ali, abraçada ao cachorro, no jardim com a grama por cortar, os arbustos por podar, numa manhã fria de inverna que ela disse adeus.

Não fechou o portão.

Mas se foi.

As pegadas, mesmo passados alguns dias, ainda estão lá.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

deitar no céu, olhar a grama


a gente cresce e perde um monte de coisa. justifica q não faz mais porque tá grande.
bom, eu não cresci muito. meu irmão me chamava de "anão de jardim". mas eu continuo brigando pela janela do avião, mesmo viajando muito, estar no alto não perdeu o encanto. me pego com pensamentos distantes, idéias absurdas. e me toca ouvir alguns me chamando de "infantil", "imatura". adoro! tenho que dar muito duro pra fingir que sou gente grande. dentro dessas referências q se tem do comportamento adulto.

prefiro deitar no céu pra olhar a grama. pena é a falta de tempo. isso é a minha maior carga, o meu maior peso que me faz, diariamente, lembrar que cresci. sou adulta.

a grama tá ficando amarelada.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

o filho do padeiro e a revolução

Em uma época na qual a arte se identifica e se organiza em tendências de temporada, será cada vez mais raro encontrar um artista cuja tendência radical na direção da justiça é obra de uma vida inteira. Augusto Boal construiu uma carreira pontuada muitas vezes por lances decisivos, não apenas pessoalmente, mas para a história do teatro brasileiro. Por meio de sua obra, o andar de baixo finalmente vem à luz e personagens como operários, cangaceiros e jogadores de times de várzea ganham o palco. O artigo é de Kil Abreu.

Kil Abreu (*)

Filho de um padeiro português que chegou ao Rio de Janeiro por se recusar a servir como soldado em uma guerra com a qual não concordava e de uma certa senhora que abandonara o primeiro noivo praticamente no altar para casar, por decisão e gosto, com um “aventureiro”, Augusto Boal aprendeu desde logo que o mundo pode ser mudado, bastando para isso decisão e coragem. Toda a sua invenção no teatro parece se basear nesta fé sobre o efeito da ação do homem no mundo, que não é apenas um lance retórico, como no teatro burguês, e deve ser encontrada nos motivos da vida ordinária.

Foi assim que ele construiu uma carreira pontuada muitas vezes por lances decisivos, não apenas pessoalmente, mas para a história do teatro brasileiro. Convidado ao então promissor Teatro de Arena, em 1956, empresta ao grupo os conhecimentos aprendidos, de encenação e dramaturgia, em uma recente temporada nos Estados Unidos. Principal ideólogo nos caminhos de uma cena preocupada em com as contradições da sociedade, é Boal quem intui que um teatro novo, com assuntos ainda não levados ao palco, pede também uma cena nova, com dramaturgia própria e um repertório técnico e artístico que dê conta de suportar a representação da realidade em chave crítica. Introduz o método de Stanislávski, que havia estudado no Actor's Studio, com vistas ao naturalismo que seria de grande valia para a primeira fase de renovação da cena que o Arena promoveria. O andar de baixo finalmente vem à luz e personagens como operários, cangaceiros e jogadores de times de várzea ganham o palco. Era a hora da representação dos temas nacionais, quando dirigiu, entre outros, Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Viana Filho (1959), espetáculo que dá seguimento a Eles não usam Black-tie, peça de Guarnieri (1958) dirigida por José Renato.

Ainda em 1960, de mãos dadas com os ensinamentos vindos de Brecht e o seu teatro épico, Boal escreve Revolução na América do Sul , uma mistura de teatro de agitação, tradições populares e revista musical. O espetáculo tem direção de José Renato e afirma com grande inventividade as marcas que pautariam toda a sua produção posterior: de um lado, o espírito criativo iconoclasta, experimental e, de outro, a certeza de que a experiência estética não é mero formalismo, é meio para a discussão urgente de algum aspecto da vida em sociedade.

O período que vai de 64 a 71, contabilizada a grande sede de justiça social provocada pelo golpe, é o período da resistência que inclui ações em várias frentes: alinhado ao CPC da UNE, já na ilegalidade, Boal dirige, no Rio, o Show Opinião, com Zé Ketti, João do Vale e Nara Leão. Em São Paulo cria, com Guarnieri e Edu Lobo, o musical Arena Conta Zumbi, cuja estrutura modelar seria aproveitada em outras montagens (Arena conta Bahia, Arena conta Tiradentes, Arena conta Bolívar). O propósito é evidente: fazer, através de personagens históricos ligados às lutas populares, o cotejamento com a realidade atual do país, apontando a necessidade de mobilização e de mudança. Mas não é só. Para que o efeito crítico seja efetivo os espetáculos trazem, entre outras inovações, o “sistema coringa”, uma técnica através da qual todos os atores interpretam todos os personagens e a fábula é conduzida por um narrador, que à maneira brechtiana faz a mediação crítica e chama a platéia a acompanhar as cenas à luz da razão.

É ao fim deste duro período, quando finalmente será exilado depois de passar por tortura e de ver suas montagens censuradas, que está o nascedouro da experiência que consagraria Boal como um dos artistas brasileiros mais importantes do mundo. É quando surgem os princípios que vão orientar as técnicas que mais adiante serão aplicadas ao seu Teatro do Oprimido. É criado o Núcleo Independente, oriundo do Arena, que teria ação importante na periferia de São Paulo nos anos 70. O primeiro espetáculo chama-se Teatro Jornal 1a. edição e inspira-se no trabalho de um grupo de agit-prop americano dos anos 30, o Living Newspaper. O procedimento fundamental está próximo do que mais tarde seria o Teatro Fórum: os atores lêem as notícias do dia e criam situações cênicas para debater pontos de vista e lançar novos olhares sobre o noticiado.

Expulso do seu país, Boal prossegue com seu trabalho no exterior, primeiro na Argentina, onde desenvolve a estrutura teórica dos procedimentos do teatro do oprimido. É quando passa a sistematizar e a praticar uma revolução verdadeira. Simples como o são as coisas necessárias e urgentes, o Teatro do Oprimido tem como palco qualquer lugar onde um grupo de cidadãos possa se reunir e tem como fiinalidade dar voz, através da representação simbólica do mundo, aos que em geral permanecem calados. Com uma técnica engenhosa, que leva aquele que seria o espectador do teatro burguês ao lugar de atuante no curso dos acontecimentos, é uma forma teatral que desmistifica a coisa estética para ver a beleza no exercício de autonomia do sujeito, quando este é chamado a intervir no andamento da ação e a dar sentido político à sua própria existência. Recentemente o Teatro Legislativo, gênero derivado do TO e surgido durante o mandato de Boal como vereador no Rio de Janeiro, foi responsável pela criação de treze Leis municipais, todas nascidas da discussão comunitária, em encontros nos quais a população apresentou, através do teatro, as suas demandas.

Nomeado pela Unesco Embaixador Mundial do Teatro em março deste ano, Boal deixa seus livros traduzidos em vinte idiomas e centros de teatro do oprimido espalhados por mais de setenta países.

Nesta semana de homenagens póstumas não será demais lembrar uma fala, na apresentação da sua autobiografia, em que ele dizia que a idéia de se autobiografar é algo quase imoral, pois que o importante é a obra, não o homem. Mas o fato é que seu gênio artístico fará falta, sim, e tende a parecer cada vez mais uma anomalia, um idealismo ingênuo – como, aliás, está tratado já subliminarmente, nas falas de despedida, pela grande mídia e por vários dos seus companheiros de jornada, hoje rendidos ao mercado do entretenimento. Em uma época na qual a arte se identifica e se organiza em tendências de temporada, será cada vez mais raro encontrar um artista cuja tendência radical na direção da justiça é obra de uma vida inteira.

(*) Kil Abreu é jornalista, crítico e pesquisador do teatro. É curador do Festival Recife do Teatro nacional e coordena o Núcleo de Estudos do teatro contemporâneo da Escola Livre de Santo André.

terça-feira, 7 de julho de 2009

ele me inspira

"ninguém enriquece com a literatura se ao mesmo tempo não for capaz de chupar um pêssego aproveitando a mão livre para levá-lo a boca, se não fizer amor entre duas páginas, se não se debruçar na janela para saber que durante o último mês cinqüenta crianças morreram queimadas na região se Saigon, e que em Biafra os nigerianos ajudados pelo nobilíssimo Reino Unido degolaram todos os pacientes de um hospital; será preciso repetir, professor Papalino Zeta, que a literatura não é um terreno privilegiado no sentido escapista que tanto convém e adorna? Biafra e o erotismo, a chuva de napalm e os Jogos Venezianos de Lutoslawski: a poesia continua sendo a melhor possibilidade humana de realizar um encontro que ninguém descreveu melhor que Lautréamont e que pode fazer do homem o laboratório central de onde algum dia sairá o definitivamente humano, a menos que antes disso todos nós tenhamos ido para a casa do caralho."

NOTÍCIAS DO MÊS DE MAIO , Julio Cortázar

sábado, 4 de julho de 2009

paulo leminsky

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também." - hoje eu tô assim, meio ele...

terça-feira, 30 de junho de 2009

marina silva

Sou fã de Marina Silva, que inclusive tive o prazer de conhecer pessoalmente. Forte e frágil, educada e enérgica, ela reune toda a ética que eu admiro. Um amigo, que já trabalhou com Marina, me enviou esse texto, que copio abaixo. Concordo em termos. Até porque Marina é uma excelente senadora. O que fariam dela se fosse presidente?
pra reflexão...

Sou membro não-praticante desse movimento - por Rogerio Fischer


Sempre caio em presepadas de amigos. A última, já contei aqui, foi em São Paulo, coisa de um mês, quando assisti Palmeiras x Coritiba na torcida do Coritiba. Minha lista de manezices é ilimitada. Algumas, inocentes. Outras, brabas. E não faço muito esforço para ser diferente. Vou aceitando as coisas que acho que devo aceitar e pronto. Se me danar no final, foda-se. Prefiro me danar fazendo as coisas de peito aberto, coração limpo, de boa, do que ficar me policiando para não parecer otário. Otário é quem acha que me faz de otário. Enfim, tem coisas que você aceita por achar que deve fazer e pronto. Dias atrás recebi dum amigão e-mail falando sobre o Movimento Marina Silva Presidente. Para mim, que já me estrepei por convicções político-ideológicas, aquele e-mail do Montezuma Cruz passou batido como passa um informativo sobre promoções do shopping, mas, sei lá, deu um estalo e cliquei no dito cujo. Até porque o que vem do Monte, figurativamente falando, não precisa de antivírus. O texto informava sobre o movimento e convidava para fazer parte. Preenchi lá um troço rápido e passei, em poucos segundos, a integrar o Movimento Marina Silva Presidente. Depois parei para pensar. Gostei do que fiz. A iniciativa me fez lembrar da figura da Marina. Taí uma pessoa porreta. Do bem. Pedra 90. Nunca li uma vírgula falando mal dela. Tudo bem, com o PT, no começo dos anos 80, também era assim, seu mané. Mas é diferente. Marina é petista histórica e, apesar deste governo, do qual fez parte, parece que nem petista é. Manteve, após alguns anos no Ministério do Meio Ambiente, uma reputação ilibada. Se teve erros, foi por excesso de zelo, de franqueza e sinceridade. Enfrentou o turbilhão progressista com altivez, embora estejamos falando de um progresso à la Sarney, à la Jader, à la Blairo, à la Cassol, mais pautado na motosserra que na sustentabilidade. Enfim, tem horas que parece inevitável que tenhamos que queimar cartuchos para termos energia, por exemplo, mas é de emocionar como era difícil, com Marina no governo, aprovar uma obra que mexesse com o habitat natural. Enfim, cliquei naquele e-mail do Monte como quem vai para a missa, sem compromisso algum. Sou tão atuante no movimento como sou na igreja, porém, mesmo esse apoio tímido, solitário, descompromissado, me fez bem. Me fez bem participar de algo, depois de tanta frustração com que achávamos que viraria o país quando o PT chegasse ao poder. É bom saber que esse país ainda tem reservas morais como essa moça. Nunca fez badalação, nunca leu-se nada sobre um acordo espúrio, um aliança nada a ver, um conchavo dela, nada. Vou confessar uma coisa: quando estou sem nada para ver na TV, um jogo, um filmão, algo assim, se eu zapeio a TV Senado, eu paro pra ver. Audiências em comissão, inclusive. E ver essa moça atuando é garantia de bons momentos. Ela não esmorece nunca. À menor pisada na bola de uma vossa excelência qualquer, ela coloca o sujeito no seu devido lugar. Se você tiver alguma dúvida sobre alguma questão crucial que esteja em pauta, pergunte a Marina – ela lhe dará um parecer que, no mínimo, te colocará por dentro da coisa. Sempre tem uma opinião balizada, calibrada, enérgica. Lancinante e ao mesmo tempo meiga. Ela consegue destruir o raciocínio alheio com uma calma, uma ternura inigualáveis. É o Che de saias. E sem disparar um estilingue sequer. Do seu rosto só se depreende seriedade. Contar uma piada com Marina Silva na roda soa até esquisito. Falo tudo isso a distância, lógico, posto que não a conheço pessoalmente. Mas diga aí, de sopetão, a quem você daria a chave do cofre? A quem você confiaria seu imposto de renda? A quem você faria uma confidência? Quem, se esse poder tivesse, você alçaria à presidência da República? Dilma? Aecinho? Ciro? Serra? José Ato Secreto Sarney? Você vai pensar um ano e vai ficar eternamente na dúvida. No Lula 80%? Nem que a vaca tussa, ô meu. Nem que chegue a 99% de aprovação. Não, não vou satanizar o presidente, ele faz o que pode com o que tem. Mas Marina traz uma confiança que eu acreditava perdida. Gosto daquele prefeito do Rio também. Marina, contudo, é mulher formada, pronta, acabada. Forjada na vida e na política. Daria a ela a chave do Planalto e da Granja sem pestanejar. E sabe por que eu não culpo o Lula? Porque não adianta. Mesmo que tivéssemos uma Marina presidente, é preciso conviver com a escória legislativa, judiciária. Todo presidente tem seu esquema. O de Lula, depois que o mensalão veio à tona, foi se segurar em Delfim, Sarney, Renan, Collor, Quércia, Jefferson e o escambau de bico para manter-se no poder, ele e a turma, que parecia pé de amendoim: quando é arrancado, vem aquele monte de apêndices junto. O esquema de Lula é nomear Ricardo Barros vice-líder, é permitir que deputado aproveite “o fortalecimento da mídia regional” para emplacar notinhas em jornais. É fazer tudo igual como sempre foi, para ver se faz uma coisinha aqui, outra ali, que justifique o título de Partido dos Trabalhadores. É elogiar desmatador, é absolver grilheiro, é afagar usineiro, é abraçar banqueiro. Com Marina ou qualquer outro, esse esquema, essa coisa maior, essa coisa macro, que os sociólogos, acho, chamam de status quo, não mudaria. Mas sei lá. Com Marina, eu dormiria mais tranqüilo. E isso, pô, isso não é pouco.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

e o michael se foi!

ontem duas notícias - michael jackson e farrah fawcett morreram. putz, tudo ao mesmo tempo. eu que dançava em frente a tv assistindo os jackson 5, imitava os passinhos de break, me emocionei quando ouvi billy jean a primeira vez. a música batia bem. pra nascer um outro michael jackson vão aí mais 500 anos...não conheço ninguém que diga que "eu não gosto da música dele." ou "é ruim".

e a farrah? naqueles tempos, os seriados eram só enlatados americanos e como nós meninas amávamos AS PANTERAS!!!

é. o tempo passa. a roda gira. e a gente assiste.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

vende-se!


quem nasce no rio de janeiro tem essa característica comum - não troca a cidade por nada, é enraizado, orgulhoso da terra de origem. eu me senti sempre uma estranha no ninho. pra mim, quem tem raiz é árvore. gosto sim da cidade onde nasci muito mais pelo espírito de sua gente do que pela própria cidade em si. no rio qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, tem aquela sensação estranha de pertencimento, de sentir-se a vontade. e isso não é pela "maravilhosa". até porque, maravilhosa é a zona sul da cidade. o restante, a periferia, o subúrbio, é como qualquer zona periférica de uma cidade grande. mas o que realmente faz a diferença é esse espírito livre, de receber as pessoas, de falar de sentimentos, de abrir sua casa a todos. esse espírito eu me orgulho de carregar pra onde quer que eu vá.

morei em alguns outros lugares. conheci muito do brasil e um pedacinho do mundo.mas o lugar que eu escolhi viver e criar minhas meninas é florianópolis, santa catarina, sul do brasil. confesso que a região sul nunca esteve no topo das minhas preferências. me sentia a vontade no norte, no nordeste. pelo clima, pela cultura. mas floripa foi amor a primeira vista. o que mais me chamou atenção, dessa vez, não foram as pessoas. foi a beleza da cidade como um todo - não de um espaço específico, mas de todo o estado, que fui conhecendo, e me apaixonando. especialmente das belezas naturais. a mata atlântica, as florestas de araucária, o mar cristalino, as baleias, a existência de bichos da nossa fauna q já se foram. sumiram de vários estados. me sinto acolhida porque me sinto parte desse verde. me sinto a vontade no mato.

o q me choca é perceber como essa natureza vem sendo destratada, desconsiderada.o ser humano insiste em se colocar a frente, mais forte. ele tem a justificativa, nos tempos atuais, próxima ao processo de colonização da amazônia, quando era chamada de "inferno verde" até mesmo nas cartilhas escolares. é assim que grande parte da sociedade catarinense justifica o desmatamento, o desrespeito ao uso da terra em áreas próximas a rios, nascentes e ainda, a distribuição de autorizações para construção de pchs (pequenas centrais hidrelétricas) em todo o estado. as corredeiras, quedas dágua naturais vão se extinguir no estado. e poucos se indignam. ou por ignorância, ou por medo, ou por - pasmem! - preguiça. em nome de um progresso idiotizante, aliante e, porque não dizer, fascista. as catástrofes estão aqui e, mesmo assim, o ser humano insiste em sua maneira arrogante de ver a terra, de ver a água. é triste. muito triste. estamos retrocedendo. e santa catarina é hoje o estado que mais desmata, atrás de minas gerais. um estado que poderia ser explorado por um turismo consciente, diferenciado, como fizeram outras regiões do brasil - bonito, fernando de noronha - e gerar receita limpa, como em campos do jordão ou gramado. mas não! o governo estadual, com o consentimento de grande parte da sociedade, e da FATMA, está leiloando santa catarina. VENDE-SE! e por muito pouco...esse é o lema da vez. Foi assim com a exploração de Fosfato em Anitápolis, com as pchs nas mãos da Counter Global, e com a Votorantin em Vidal Ramos.
Será que a ficha não vai cair? Quando toco nesse assunto, entre roda de amigos, gente com boa formação, intelectuais, vem sempre uma reação de indiferença, de espanto. Falar de meio ambiente, de consciência ambiental e ecologia, não é cool.
Infelizmente, é preciso pisar no calo pra sentir. A sociedade urbana é egocêntrica. Todas essas questões, além da "caretice", estão bem distantes de atingi-los. Mas não é nada nada bem assim.
Chegará o dia.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

no topo



de dentro do aviãozinho ,sobrevoando o mato grosso, sobre o rio xingu, a sensação de ser tão pequena me produziu não um frio na barriga mas uma condimentação cerebral..as idéias saltaram, pipocaram e o projeto "o espelho de ana" apareceu do nada. agora é correr atrás e transportá-lo do papel pras imagens e sons. e uma sensação gostosa de tirar os pés do chão e ver o mundo verde possível lá em baixo...lógico, comprimido pelas plantações, cinturões de soja transgênica.

tempo de espera

como é bom passar um tempinho ancorada, sabendo que, logo adiante, mergulhos se aproximam. uns profundos, outros nem sei. essa ansiedade louca é que mata a gente. chamo de "a gente" porque sei que não é, de forma alguma, um privilégio meu de sentir. certa vez um amigo que já não vejo há tempos me definiu arte como "excesso de energia". o nêgo, um sábio artista cearense que escolheu nova friburgo, serra fluminense, como refúgio e ateliê de criação,me ensiou várias coisas. muitas eu esqueci, confesso. até porque faz parte desse ser, o humano, essa coisa de aprender e esquecer..mas essa definição da arte me martela. e me joga lá pra frente, de fronte ao gol tentando marcar. um monte de bola fora. mas em algum momento a gente consegue. tenho certeza disso.

e o frio, o vento sul e a minha grande árvore que rega diariamente o chão com suas folhas miúdas.

terça-feira, 26 de maio de 2009

as aventuras de todinho




minhas viagens prolongadas me causam alguns transtornos, claro. às vezes acordo sem saber onde estou, confundo os horários (não sei quando é hora de brasília, quando tem fuso), me perco em estradas sem indicações, sem gente pra dar informação e, nessas horas vem a lembrança: eu precisava de um GPS...mas o que realmente me causa "dor", é a distância das meninas. muitas vezes sem celular, sem telefone público, fico incomunicável e tento afastar pensamentos ruins ou que poderia ser imaginado como um pressentimento, mas que é certamente fruto da minha "louca" e por vezes "doentia" imaginação.

numa das viagens, após o abraço e choro de minha pequena maria, que gritava "tu não vai", "não vai"...tive a idéia!

todinho é um coelhinho lilás. ele vive com maria desde quando ela tinha 2 anos. foi um presente de páscoa, dado pela tia-avó. é um de seus bichinhos prediletos. aquele que dorme com ela e que a acompanhou por algumas viagens e breves incursões pelo mundo livre..

levei todinho comigo. e fotografei. o resultado foi muito bom. fomos para raposa serra do sol, em roraima, guiana inglesa, sertão da bahia. quando conseguia contato e ligava pra casa dava não apenas as minhas notícias como também notícias de "todinho". na volta, mostrar as fotos e entregar todinho - amarelinho de poeira - foi muito emocionante. era como ter maria ali, participando, vivendo os momentos comigo. não sei se foi uma impressão da minha parte. mas parecia que a ruptura era menor. maria parecia ter sentido menos. posso estar errada. talvez não exista um medidor de sentimentos...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

a indignação com a nova lei ambiental e o porquê em fazer documentários

Hoje estou de ovo virado. Deveria estar feliz, estou sendo meio que injusto...Há anos desejava fazer o que faço agora. Poderia ter continuado na carreira de publicidade, com os bolsos cheios...vendendo shampoos e refrigerantes. Não quis. Poderia ter aceitado, ainda menina, a proposta de ser "global", ter alisado e cortado os longos cabelos e afogar meu "espivitamento" num padrão do dizer e do ser imposto pela emissora. Não topei. Podia ter comprado imóveis e feito "business" trabalhando em campanhas políticas, como muitos colegas. Disse não. E o que sempre sonhei, pesquisei, li, não "de repente", mas depois de muita insistência e chifradas...deu-se. Hoje eu faço meus docs sobre 2 questões que me encantam : o meio ambiente e as pessoas. É muito gratificante. Mas escuto de muitos aquela coisa; " puxa, q inveja...puxa, queria viajar assim como você, conhecer tantos lugares..." Mas percorrer esse caminho não é assim de uma hora pra outra. è preciso, minimamente, desapego. é preciso também acreditar muito naquilo que se persegue, no que se faz. é preciso abrir mão do conforto, aguentar a ausência da família, receber críticas familiares pesadas...é preciso um monte de coisa até pra se justificar, de cara limpa, q a gente rala, rala, rala...e que o retorno financeiro não é essas coisas...mas eu não mudo de jeito nenhum, por dinheiro nenhum no mundo...
Mas estou muito indignada!
Toda essa introdução é pra dizer que, o lugar onde eu escolhi viver, que eu conheço cada vez melhor, e de onde falo pros amigos, pras pessoas que amo, com todo o carinho e afeição...sim, essa bela e querida terra catarina está ameaçada seriamente!
Acabo de filmar meu quarto documentário ambiental filmado no estado. A cada ano, a situação de pressão aumenta. E agora, ela é sacramentada pelo próprio estado! A aprovação da nova Lei Ambiental (ambiental, onde???) é um ABSURDO!!! Um estado com um nível de educação formal alto, se compararmos ao restante do país, jamais poderia concordar com tamanho equívoco. É uma falta total de consciência ambiental. O que é chocante é que toda a tragédia vivida pelo povo catarinense com as últimas enchentes parece que não foi suficiente para provocar a reflexão...
REDUZIR DE 30 PARA 5 METROS a faixa mínima de mata ciliar a ser preservada nas margens dos rios é INACEITÁVEL! Da mesma forma é inaceitável transformar quase 10% do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Área de Proteção Ambiental, o mais permissivo entre as possíveis variedades de unidades de conservação definidas pela legislação federal.
Absurda é a justificativa de que essas áreas protegidas impedem o desenvolvimento da agricultura! Mais uma vez estamos voltamos a época da Lei de Terras...beneficiamos os grandes...Pois os pequenos, por lei, não estão impedidos de plantar até mesmo em áreas de preservação. Papo furado! Desinformação...massa de manobra. E quem perde? Todos nós. A Floresta se vai...os 5% de mata primária que restaram..todos os bichos que tem nas matas sua morada.
E o próximo crime: as PCHs...

terça-feira, 31 de março de 2009

Lola e Eu


é difícil de explicar, mas fácil de entender...porque o amor não se explica.

sábado, 14 de março de 2009

do delta do parnaíba até os lençóis maranhenses





depois de quixadá, no sertão central do CE, foi a vez de irmos para parnaíba, uma viagem numa estrada cheia de buracos entre os dois estados - ce e piauí. conhecemos o delta do parnaíba e o incrível encontro com o mar. depois, num carro com tração, fomos para os lençois maranhenses e eu me dei conta do quanto minhas meninas são descomplicadas, companheiras perfeitas tanto para uma viagem de aventura, quanto para um passeio cultural. show! ficou o gostinho de querer mais, de tornar esses "mergulhos" uma rotina...

viajando com as meninas




foi um mergulho cheio de emoções...primeiro, o lançamento de "o joaquim" em dom mauricio. a escola estava lotada, cheia de jovens, o que é raro na região. na época das filmagens os jovens do povoado torciam a cara, debochavam, falavam que a "dança de são gonçalo" é "coisa de velho". de velho ou não, a escola tinha mais jovens que adultos...e, claro, seu joaquim estava lá. apresentei o filme com a voz falhando, me controlando para não chorar. e olha que não sou chorona! foi muito bom olhar pra platéia e ver as meninas lá, me ouvindo..a comunidade também está mais organizada, querem transformá-la em quilombola. depois, fomos a casa de seu joaquim, as meninas conheceram os netos - parte dos 28 netos...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

mostrar o brasil pras meninas...


estou animada com a chance de poder iniciar minhas filhas nesse vício, nessa coisa de gostar do brasil, de conhecer nosso país. apesar da pouca idade elas já viajaram mais do que muitos adultos, e não é por questão economica...é porque tem gente q cria raízes num lugar e acha que ali eh o melhor lugar do mundo. pode até ser! mas não ter interesse em conhecer um pouco além do seu quintal...eu acho estranho.quando comecei a andar pelas minhas proprias pernas, fazia tudo por uma viagem..ia de carona, de onibus, de moto..do jeito que dava pra ir...
com as meninas, já as levei 2 vezes pra amazonia, numa viagem de 15 dias num barco pelo tapajós. a maria tinha apenas 4 meses. se banhou no tapajós e no amazonas.
dessa vez vou mostrar o sertão pra elas. os profetas. seu joaquim roseno e o grupo de sao gonçalo. o delta do parnaíba. os lençois maranhenses...e a querida são luiz! totalmente musical e inspiradora. mais uma capital-ilha que eu me apaixonei e onde fiz grandes e eternos amigos.

to na torcida pra que esse viciozinho, essa inquietude da "febre" de por os pés na estrada...seja genética!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"profetas da chuva e da esperança"

Os profetas Antonio Lima, do distrito de Custódio e Chico Mariano e João Ferreira, de Quixadá, são os protagonistas do documentário de 15 minutos, patrocinado pela Petrobras. Eles são personagens do sertão. Gente que, ao contrário de mim e talvez da maioria das pessoas do mundo contemporâneo, carregam na pele a sensibilidade em relação a comunicação com a natureza. Eles não só prevêem se o ano vai ter chuvas - numa região de deserto - como também buscam na própria caatinga os remédios naturais para tratamento das dores e doenças. Eles conseguem enxergar as pessoas de uma forma muito especial. Como um todo. Os três, com várias peculiaridades, ao olharem pras pessoas as compreendem sem que precisemos falar de nós. Só usando os sentidos - o olhar, o cheiro, o tato. Eles possuem esse chacra, essa percepção, esse canal com o meio, totalmente exposto. Ao contrário de nós, que o tapamos há gerações.

Tentei na realização desse trabalhar revelar esses personagens não somente como espetáculo, como metereologistas naturais...mas como pessoas com uma grande sensibilidade e percepção. Outro elemento é a questão do tempo. O que me chama muita atenção no sertão é como o tempo é sentido de maneira distinta do tempo na cidade grande ou aqui no sul. O que dita a velocidade pra muitos sertanejos - aqueles que precisam da terra, da lavoura - é a quantidade de chuvas. Quando chove precisa-se correr, plantar logo...nos tempos longos de estiagem a vida demora a passar..

Tive a sorte de contar com uma equipe técnica maravilhosa. Meus fotógrafos - ralf e capuano - tiveram muita coragem e sensiblidade pra tocar com maestria o desafio do registro fotográfico de tantas intenções...E, na finalização, a trilha sonora de Luiz Gayotto complementou o que se pretendia. Bastaram alguns emails, uma conversa ao telefone...e gayotto já me mandava um esboço que era tudo...era o som que eu imaginava!!


Os "profetas" me trouxeram muita sorte. E outras coisas boas também. Alguns prêmios, pessoas que conheci, amigos que fiz, mais ainda! um otimismo, uma força de vida, uma maneira de olhar em volta fora do convencional.

O projeto seguinte, ainda no sertão, seria "O Joaquim", documentário sobre o mestre da dança de São Gonçalo Joaquim Roseno - filmado em maio de 2008, contemplado no primeiro edital Etnodoc.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ainda meu ofício

caatinga, ou "mata branca"...contagiante!

foi trabalhando no episódio específico sobre a caatinga, na região de Quixadá, que tive o desejo de realizar um documentário sobre os chamados "Profetas da CHuva", homens que, entre outras capacidades, prevêem se o ano terá um bom inverno, uma boa estação de chuvas, ou não...suas mensagens são carregadas de envolvimento emocional, eles são gerados e nutridos pelo sertão. Há uma relação intrínseca, simbiótica! O livro de Karla Patrícia HOlanda Martins me ajudou no embasamento e também as 2 idas ao "Encontro dos Profetas de CHuva", quando muitos dos profetas de todo o sertão central, se reúnem para lançarem suas previsões. Em meu filme, tentei reproduzir esse sentimento de estar conectado com aquela paisagem, esse pertencimento. Também a questão da velocidade, do tempo do plantio, tempo do colher, delimitado pelas poucas águas que regam aquele solo seco, compacto, espinhento.
Descobri um sertão muito diferente do que foi eternizado pelo cinema, tv, mídia em geral.
É desse sertaão percebido pela minha forma de ver, que se trata meu filme - "profetas da chuva e da esperança".

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

meu ofício - viagem, trabalho, formação

o início de uma parceria - "série ecossistemas brasileiros"

foi em brasília que a parceria se iniciou. a convite do fotógrafo e ambientalista miguel von behr, topei o desafio de tranformar em documentário tarefa que ele já fazia em seus livros. traduzir, dessa vez em imagens em movimento, as relações possíveis entre meio ambiente e populações tradicionais. era o ano de 2003. minha filha maria tinha 2 anos. do projeto, originou-se o primeiro filme, "jalapão, sertão das águas", filmado no tocantins - região do jalapão - inserida no bioma cerrado. a idéia era inserir o dvd com o documentário nas publicações de miguel. isso só foi acontecer mais tarde, quando trabalhamos com o bioma da caatinga. mas o documentário nos rendeu alguns prêmios e foi exibido de forma ampla e democrática em canais educativos e tvs comunitárias, além da distribuição incentivada em sindicatos rurais, ongs, associações produtivas. a parceria perdurou com os projetos "costa dos corais", rodado entre alagoas e pernambuco, e "marajó, barreira do mar" - no arquipélago do marajó. posteriormente, veio o projeto de "terra dos bichos de pedra" , filmado em quixadá, sertão central do ceará. local incrível, que mexeu comigo de forma intensa...o ceará, sempre o ceará...me instigando, me trazendo amigos, me fazendo retornar a região outras tantas vezes, sempre com o desejo de registo audiovisual.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

blog?

inspirada em amigos q mantém blogs mais que interessantes, mas personalíssimos, instigantes...e na vontade de registrar impressões, inventei essa agora do blog! vamos ver se consigo me entender bem...