quarta-feira, 24 de junho de 2009

vende-se!


quem nasce no rio de janeiro tem essa característica comum - não troca a cidade por nada, é enraizado, orgulhoso da terra de origem. eu me senti sempre uma estranha no ninho. pra mim, quem tem raiz é árvore. gosto sim da cidade onde nasci muito mais pelo espírito de sua gente do que pela própria cidade em si. no rio qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, tem aquela sensação estranha de pertencimento, de sentir-se a vontade. e isso não é pela "maravilhosa". até porque, maravilhosa é a zona sul da cidade. o restante, a periferia, o subúrbio, é como qualquer zona periférica de uma cidade grande. mas o que realmente faz a diferença é esse espírito livre, de receber as pessoas, de falar de sentimentos, de abrir sua casa a todos. esse espírito eu me orgulho de carregar pra onde quer que eu vá.

morei em alguns outros lugares. conheci muito do brasil e um pedacinho do mundo.mas o lugar que eu escolhi viver e criar minhas meninas é florianópolis, santa catarina, sul do brasil. confesso que a região sul nunca esteve no topo das minhas preferências. me sentia a vontade no norte, no nordeste. pelo clima, pela cultura. mas floripa foi amor a primeira vista. o que mais me chamou atenção, dessa vez, não foram as pessoas. foi a beleza da cidade como um todo - não de um espaço específico, mas de todo o estado, que fui conhecendo, e me apaixonando. especialmente das belezas naturais. a mata atlântica, as florestas de araucária, o mar cristalino, as baleias, a existência de bichos da nossa fauna q já se foram. sumiram de vários estados. me sinto acolhida porque me sinto parte desse verde. me sinto a vontade no mato.

o q me choca é perceber como essa natureza vem sendo destratada, desconsiderada.o ser humano insiste em se colocar a frente, mais forte. ele tem a justificativa, nos tempos atuais, próxima ao processo de colonização da amazônia, quando era chamada de "inferno verde" até mesmo nas cartilhas escolares. é assim que grande parte da sociedade catarinense justifica o desmatamento, o desrespeito ao uso da terra em áreas próximas a rios, nascentes e ainda, a distribuição de autorizações para construção de pchs (pequenas centrais hidrelétricas) em todo o estado. as corredeiras, quedas dágua naturais vão se extinguir no estado. e poucos se indignam. ou por ignorância, ou por medo, ou por - pasmem! - preguiça. em nome de um progresso idiotizante, aliante e, porque não dizer, fascista. as catástrofes estão aqui e, mesmo assim, o ser humano insiste em sua maneira arrogante de ver a terra, de ver a água. é triste. muito triste. estamos retrocedendo. e santa catarina é hoje o estado que mais desmata, atrás de minas gerais. um estado que poderia ser explorado por um turismo consciente, diferenciado, como fizeram outras regiões do brasil - bonito, fernando de noronha - e gerar receita limpa, como em campos do jordão ou gramado. mas não! o governo estadual, com o consentimento de grande parte da sociedade, e da FATMA, está leiloando santa catarina. VENDE-SE! e por muito pouco...esse é o lema da vez. Foi assim com a exploração de Fosfato em Anitápolis, com as pchs nas mãos da Counter Global, e com a Votorantin em Vidal Ramos.
Será que a ficha não vai cair? Quando toco nesse assunto, entre roda de amigos, gente com boa formação, intelectuais, vem sempre uma reação de indiferença, de espanto. Falar de meio ambiente, de consciência ambiental e ecologia, não é cool.
Infelizmente, é preciso pisar no calo pra sentir. A sociedade urbana é egocêntrica. Todas essas questões, além da "caretice", estão bem distantes de atingi-los. Mas não é nada nada bem assim.
Chegará o dia.

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