terça-feira, 30 de junho de 2009

marina silva

Sou fã de Marina Silva, que inclusive tive o prazer de conhecer pessoalmente. Forte e frágil, educada e enérgica, ela reune toda a ética que eu admiro. Um amigo, que já trabalhou com Marina, me enviou esse texto, que copio abaixo. Concordo em termos. Até porque Marina é uma excelente senadora. O que fariam dela se fosse presidente?
pra reflexão...

Sou membro não-praticante desse movimento - por Rogerio Fischer


Sempre caio em presepadas de amigos. A última, já contei aqui, foi em São Paulo, coisa de um mês, quando assisti Palmeiras x Coritiba na torcida do Coritiba. Minha lista de manezices é ilimitada. Algumas, inocentes. Outras, brabas. E não faço muito esforço para ser diferente. Vou aceitando as coisas que acho que devo aceitar e pronto. Se me danar no final, foda-se. Prefiro me danar fazendo as coisas de peito aberto, coração limpo, de boa, do que ficar me policiando para não parecer otário. Otário é quem acha que me faz de otário. Enfim, tem coisas que você aceita por achar que deve fazer e pronto. Dias atrás recebi dum amigão e-mail falando sobre o Movimento Marina Silva Presidente. Para mim, que já me estrepei por convicções político-ideológicas, aquele e-mail do Montezuma Cruz passou batido como passa um informativo sobre promoções do shopping, mas, sei lá, deu um estalo e cliquei no dito cujo. Até porque o que vem do Monte, figurativamente falando, não precisa de antivírus. O texto informava sobre o movimento e convidava para fazer parte. Preenchi lá um troço rápido e passei, em poucos segundos, a integrar o Movimento Marina Silva Presidente. Depois parei para pensar. Gostei do que fiz. A iniciativa me fez lembrar da figura da Marina. Taí uma pessoa porreta. Do bem. Pedra 90. Nunca li uma vírgula falando mal dela. Tudo bem, com o PT, no começo dos anos 80, também era assim, seu mané. Mas é diferente. Marina é petista histórica e, apesar deste governo, do qual fez parte, parece que nem petista é. Manteve, após alguns anos no Ministério do Meio Ambiente, uma reputação ilibada. Se teve erros, foi por excesso de zelo, de franqueza e sinceridade. Enfrentou o turbilhão progressista com altivez, embora estejamos falando de um progresso à la Sarney, à la Jader, à la Blairo, à la Cassol, mais pautado na motosserra que na sustentabilidade. Enfim, tem horas que parece inevitável que tenhamos que queimar cartuchos para termos energia, por exemplo, mas é de emocionar como era difícil, com Marina no governo, aprovar uma obra que mexesse com o habitat natural. Enfim, cliquei naquele e-mail do Monte como quem vai para a missa, sem compromisso algum. Sou tão atuante no movimento como sou na igreja, porém, mesmo esse apoio tímido, solitário, descompromissado, me fez bem. Me fez bem participar de algo, depois de tanta frustração com que achávamos que viraria o país quando o PT chegasse ao poder. É bom saber que esse país ainda tem reservas morais como essa moça. Nunca fez badalação, nunca leu-se nada sobre um acordo espúrio, um aliança nada a ver, um conchavo dela, nada. Vou confessar uma coisa: quando estou sem nada para ver na TV, um jogo, um filmão, algo assim, se eu zapeio a TV Senado, eu paro pra ver. Audiências em comissão, inclusive. E ver essa moça atuando é garantia de bons momentos. Ela não esmorece nunca. À menor pisada na bola de uma vossa excelência qualquer, ela coloca o sujeito no seu devido lugar. Se você tiver alguma dúvida sobre alguma questão crucial que esteja em pauta, pergunte a Marina – ela lhe dará um parecer que, no mínimo, te colocará por dentro da coisa. Sempre tem uma opinião balizada, calibrada, enérgica. Lancinante e ao mesmo tempo meiga. Ela consegue destruir o raciocínio alheio com uma calma, uma ternura inigualáveis. É o Che de saias. E sem disparar um estilingue sequer. Do seu rosto só se depreende seriedade. Contar uma piada com Marina Silva na roda soa até esquisito. Falo tudo isso a distância, lógico, posto que não a conheço pessoalmente. Mas diga aí, de sopetão, a quem você daria a chave do cofre? A quem você confiaria seu imposto de renda? A quem você faria uma confidência? Quem, se esse poder tivesse, você alçaria à presidência da República? Dilma? Aecinho? Ciro? Serra? José Ato Secreto Sarney? Você vai pensar um ano e vai ficar eternamente na dúvida. No Lula 80%? Nem que a vaca tussa, ô meu. Nem que chegue a 99% de aprovação. Não, não vou satanizar o presidente, ele faz o que pode com o que tem. Mas Marina traz uma confiança que eu acreditava perdida. Gosto daquele prefeito do Rio também. Marina, contudo, é mulher formada, pronta, acabada. Forjada na vida e na política. Daria a ela a chave do Planalto e da Granja sem pestanejar. E sabe por que eu não culpo o Lula? Porque não adianta. Mesmo que tivéssemos uma Marina presidente, é preciso conviver com a escória legislativa, judiciária. Todo presidente tem seu esquema. O de Lula, depois que o mensalão veio à tona, foi se segurar em Delfim, Sarney, Renan, Collor, Quércia, Jefferson e o escambau de bico para manter-se no poder, ele e a turma, que parecia pé de amendoim: quando é arrancado, vem aquele monte de apêndices junto. O esquema de Lula é nomear Ricardo Barros vice-líder, é permitir que deputado aproveite “o fortalecimento da mídia regional” para emplacar notinhas em jornais. É fazer tudo igual como sempre foi, para ver se faz uma coisinha aqui, outra ali, que justifique o título de Partido dos Trabalhadores. É elogiar desmatador, é absolver grilheiro, é afagar usineiro, é abraçar banqueiro. Com Marina ou qualquer outro, esse esquema, essa coisa maior, essa coisa macro, que os sociólogos, acho, chamam de status quo, não mudaria. Mas sei lá. Com Marina, eu dormiria mais tranqüilo. E isso, pô, isso não é pouco.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

e o michael se foi!

ontem duas notícias - michael jackson e farrah fawcett morreram. putz, tudo ao mesmo tempo. eu que dançava em frente a tv assistindo os jackson 5, imitava os passinhos de break, me emocionei quando ouvi billy jean a primeira vez. a música batia bem. pra nascer um outro michael jackson vão aí mais 500 anos...não conheço ninguém que diga que "eu não gosto da música dele." ou "é ruim".

e a farrah? naqueles tempos, os seriados eram só enlatados americanos e como nós meninas amávamos AS PANTERAS!!!

é. o tempo passa. a roda gira. e a gente assiste.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

vende-se!


quem nasce no rio de janeiro tem essa característica comum - não troca a cidade por nada, é enraizado, orgulhoso da terra de origem. eu me senti sempre uma estranha no ninho. pra mim, quem tem raiz é árvore. gosto sim da cidade onde nasci muito mais pelo espírito de sua gente do que pela própria cidade em si. no rio qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, tem aquela sensação estranha de pertencimento, de sentir-se a vontade. e isso não é pela "maravilhosa". até porque, maravilhosa é a zona sul da cidade. o restante, a periferia, o subúrbio, é como qualquer zona periférica de uma cidade grande. mas o que realmente faz a diferença é esse espírito livre, de receber as pessoas, de falar de sentimentos, de abrir sua casa a todos. esse espírito eu me orgulho de carregar pra onde quer que eu vá.

morei em alguns outros lugares. conheci muito do brasil e um pedacinho do mundo.mas o lugar que eu escolhi viver e criar minhas meninas é florianópolis, santa catarina, sul do brasil. confesso que a região sul nunca esteve no topo das minhas preferências. me sentia a vontade no norte, no nordeste. pelo clima, pela cultura. mas floripa foi amor a primeira vista. o que mais me chamou atenção, dessa vez, não foram as pessoas. foi a beleza da cidade como um todo - não de um espaço específico, mas de todo o estado, que fui conhecendo, e me apaixonando. especialmente das belezas naturais. a mata atlântica, as florestas de araucária, o mar cristalino, as baleias, a existência de bichos da nossa fauna q já se foram. sumiram de vários estados. me sinto acolhida porque me sinto parte desse verde. me sinto a vontade no mato.

o q me choca é perceber como essa natureza vem sendo destratada, desconsiderada.o ser humano insiste em se colocar a frente, mais forte. ele tem a justificativa, nos tempos atuais, próxima ao processo de colonização da amazônia, quando era chamada de "inferno verde" até mesmo nas cartilhas escolares. é assim que grande parte da sociedade catarinense justifica o desmatamento, o desrespeito ao uso da terra em áreas próximas a rios, nascentes e ainda, a distribuição de autorizações para construção de pchs (pequenas centrais hidrelétricas) em todo o estado. as corredeiras, quedas dágua naturais vão se extinguir no estado. e poucos se indignam. ou por ignorância, ou por medo, ou por - pasmem! - preguiça. em nome de um progresso idiotizante, aliante e, porque não dizer, fascista. as catástrofes estão aqui e, mesmo assim, o ser humano insiste em sua maneira arrogante de ver a terra, de ver a água. é triste. muito triste. estamos retrocedendo. e santa catarina é hoje o estado que mais desmata, atrás de minas gerais. um estado que poderia ser explorado por um turismo consciente, diferenciado, como fizeram outras regiões do brasil - bonito, fernando de noronha - e gerar receita limpa, como em campos do jordão ou gramado. mas não! o governo estadual, com o consentimento de grande parte da sociedade, e da FATMA, está leiloando santa catarina. VENDE-SE! e por muito pouco...esse é o lema da vez. Foi assim com a exploração de Fosfato em Anitápolis, com as pchs nas mãos da Counter Global, e com a Votorantin em Vidal Ramos.
Será que a ficha não vai cair? Quando toco nesse assunto, entre roda de amigos, gente com boa formação, intelectuais, vem sempre uma reação de indiferença, de espanto. Falar de meio ambiente, de consciência ambiental e ecologia, não é cool.
Infelizmente, é preciso pisar no calo pra sentir. A sociedade urbana é egocêntrica. Todas essas questões, além da "caretice", estão bem distantes de atingi-los. Mas não é nada nada bem assim.
Chegará o dia.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

no topo



de dentro do aviãozinho ,sobrevoando o mato grosso, sobre o rio xingu, a sensação de ser tão pequena me produziu não um frio na barriga mas uma condimentação cerebral..as idéias saltaram, pipocaram e o projeto "o espelho de ana" apareceu do nada. agora é correr atrás e transportá-lo do papel pras imagens e sons. e uma sensação gostosa de tirar os pés do chão e ver o mundo verde possível lá em baixo...lógico, comprimido pelas plantações, cinturões de soja transgênica.

tempo de espera

como é bom passar um tempinho ancorada, sabendo que, logo adiante, mergulhos se aproximam. uns profundos, outros nem sei. essa ansiedade louca é que mata a gente. chamo de "a gente" porque sei que não é, de forma alguma, um privilégio meu de sentir. certa vez um amigo que já não vejo há tempos me definiu arte como "excesso de energia". o nêgo, um sábio artista cearense que escolheu nova friburgo, serra fluminense, como refúgio e ateliê de criação,me ensiou várias coisas. muitas eu esqueci, confesso. até porque faz parte desse ser, o humano, essa coisa de aprender e esquecer..mas essa definição da arte me martela. e me joga lá pra frente, de fronte ao gol tentando marcar. um monte de bola fora. mas em algum momento a gente consegue. tenho certeza disso.

e o frio, o vento sul e a minha grande árvore que rega diariamente o chão com suas folhas miúdas.