sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

mostrar o brasil pras meninas...


estou animada com a chance de poder iniciar minhas filhas nesse vício, nessa coisa de gostar do brasil, de conhecer nosso país. apesar da pouca idade elas já viajaram mais do que muitos adultos, e não é por questão economica...é porque tem gente q cria raízes num lugar e acha que ali eh o melhor lugar do mundo. pode até ser! mas não ter interesse em conhecer um pouco além do seu quintal...eu acho estranho.quando comecei a andar pelas minhas proprias pernas, fazia tudo por uma viagem..ia de carona, de onibus, de moto..do jeito que dava pra ir...
com as meninas, já as levei 2 vezes pra amazonia, numa viagem de 15 dias num barco pelo tapajós. a maria tinha apenas 4 meses. se banhou no tapajós e no amazonas.
dessa vez vou mostrar o sertão pra elas. os profetas. seu joaquim roseno e o grupo de sao gonçalo. o delta do parnaíba. os lençois maranhenses...e a querida são luiz! totalmente musical e inspiradora. mais uma capital-ilha que eu me apaixonei e onde fiz grandes e eternos amigos.

to na torcida pra que esse viciozinho, essa inquietude da "febre" de por os pés na estrada...seja genética!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"profetas da chuva e da esperança"

Os profetas Antonio Lima, do distrito de Custódio e Chico Mariano e João Ferreira, de Quixadá, são os protagonistas do documentário de 15 minutos, patrocinado pela Petrobras. Eles são personagens do sertão. Gente que, ao contrário de mim e talvez da maioria das pessoas do mundo contemporâneo, carregam na pele a sensibilidade em relação a comunicação com a natureza. Eles não só prevêem se o ano vai ter chuvas - numa região de deserto - como também buscam na própria caatinga os remédios naturais para tratamento das dores e doenças. Eles conseguem enxergar as pessoas de uma forma muito especial. Como um todo. Os três, com várias peculiaridades, ao olharem pras pessoas as compreendem sem que precisemos falar de nós. Só usando os sentidos - o olhar, o cheiro, o tato. Eles possuem esse chacra, essa percepção, esse canal com o meio, totalmente exposto. Ao contrário de nós, que o tapamos há gerações.

Tentei na realização desse trabalhar revelar esses personagens não somente como espetáculo, como metereologistas naturais...mas como pessoas com uma grande sensibilidade e percepção. Outro elemento é a questão do tempo. O que me chama muita atenção no sertão é como o tempo é sentido de maneira distinta do tempo na cidade grande ou aqui no sul. O que dita a velocidade pra muitos sertanejos - aqueles que precisam da terra, da lavoura - é a quantidade de chuvas. Quando chove precisa-se correr, plantar logo...nos tempos longos de estiagem a vida demora a passar..

Tive a sorte de contar com uma equipe técnica maravilhosa. Meus fotógrafos - ralf e capuano - tiveram muita coragem e sensiblidade pra tocar com maestria o desafio do registro fotográfico de tantas intenções...E, na finalização, a trilha sonora de Luiz Gayotto complementou o que se pretendia. Bastaram alguns emails, uma conversa ao telefone...e gayotto já me mandava um esboço que era tudo...era o som que eu imaginava!!


Os "profetas" me trouxeram muita sorte. E outras coisas boas também. Alguns prêmios, pessoas que conheci, amigos que fiz, mais ainda! um otimismo, uma força de vida, uma maneira de olhar em volta fora do convencional.

O projeto seguinte, ainda no sertão, seria "O Joaquim", documentário sobre o mestre da dança de São Gonçalo Joaquim Roseno - filmado em maio de 2008, contemplado no primeiro edital Etnodoc.